sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O Grammy e as "good vibrations" sobre o futuro da música

No último domingo aconteceu o 54º Grammy Awards, a principal premiação do mundo da música, ou como dizem, o "Oscar da música". Analisando-se os indicados e vencedores pode-se chegar várias conclusões acerca do futuro da música.

A grande vencedora do noite - e não podia ser diferente - foi a cantora britânica Adele, com 6 Grammys, recordista de vendas de discos (sim, as pessoas ainda compram CD's) no ano em todo o mundo, principalmente devido aos dois estrondosos sucessos "Someone Like You" e "Rolling In The Deep". A nova esperança da música mundial, que tem apenas 22 anos, ganhou todos os principais prêmios da noite, incluindo melhor canção e melhor gravação, com "Rolling in the Deep", e melhor álbum, com "21". Além de tudo, fez uma performance espetacular cantando sua música premiada, algum tempo depois de operar as cordas vocais, mostrando que a voz continua a mesma.

O segundo lugar do ranking de premiações ficou com o Foo Fighters, da ex-bateirista do Nirvana e já veterano do rock Dave Grohl, que ganhou todas as categorias relativas ao gênero. Kanye West também levou pra casa alguns prêmios, incluindo o de melhor música de rap, com "Otis", junto com seu parceiro Jay-Z, dominando a categoria de rap.

O grande injustiçado da noite foi o cantor Bruno Mars, que,  pode-se dizer, ficou em segundo lugar em todas as categorias vencidas pela Adele, graças ao seu excelente álbum "Doo Wops & Hooligans". Bruno foi outro que fez uma performance muito boa, cantando "Runaway Baby" e se aventurando em alguns passos de dança do grande gênio da música negra americana, James Brown.

As premiações e os performances realizadas durante a festa apontam para uma direção: o talento, ainda, se sobressai. A grande consagração de Adele, Foo Fighters e Kanye West e o grande sucesso das apresentações de Bruno Mars, Coldplay, Beach Boys e Paul McCartney só confirmam que, apesar de presenciarmos uma grande invasão de "artistas" que não conseguem dançar e cantar ao mesmo tempo, que precisam da ajuda de programas de computador pra manter a afinação, e que apostam tanto na imagem que se esquecem que música é pra ser ouvida, no final é o talento que realmente vence, seja vendendo mais discos ou ganhando mais prêmios.

Querendo ou não, as pessoas ainda se encantam muito mais pela voz naturalmente afinada, pela habilidade de tocar um ou mais instrumentos musicais, pela criatividade na hora de compor músicas e escrever letras. Por mais que ainda haja muita gente de qualidade questionável fazendo sucesso, a tendência é - e sempre foi - que somente os melhores sejam lembrados daqui a 10 ou 20 anos, e recebam homenagens tão significativas, como aconteceu com a Etta James, a Whitney Houston, o Clarence Clemons, o Tom Jobim e muitos outros músicos e artistas de verdade.

O "lixo comercial" que inunda as rádios, programas de música na TV e até as premiações sempre existiu, mas tem tomado proporções gigantescas atualmente (digamos que desde a segunda metade da década passada). Mas é muito fácil perceber que a situação está mudando. Parece que as pessoas estão se cansando das vozes robóticas de autotune, e o sucesso de artistas verdadeiramente talentosos pode ser um alerta para as gravadoras apostarem mais no novo, no diferente, no criativo.

Considerações finais:

- A crise que vivem o rock e o rap é muito grave. Foo Fighters e Kanye West/Jay-Z ganharam praticamente sem concorrência.
- A Nicki Minaj é tão esquisita quanto a Lady Gaga, mas tem menos talento e mais bunda.
- Música, ainda bem, não envelhece. Bruce Springsteen, Paul McCartney, os Beach Boys, Tony Bennett e Glen Campbell estão aí pra provar isso.
- Ainda bem que o Grammy não é organizado pela MTV, senão o Justin Bieber e a Lady Gaga seriam os maiores vencedores.